A primeira festa do Sindiscose

Confraternização de fim de ano anima trabalhadores e trabalhadoras de conselhos e ordens de fiscalização em pleno São José

Por Henrique Maynart

Travessa Padre Gaspar Lourenço, nº 50, bairro São José. A noite caiu serena em plena sexta-feira 13, mas as trabalhadoras e trabalhadores de conselhos de fiscalização e ordens de Sergipe não deram a mínima, não há tempo a perder com superstições abobadas em tempos tão sombrios. Encontrar os nossos, descansar as canelas e recarregar o sorriso depois de um ano tortuoso. Comemorar é preciso. 

Mal batia as seis horas no ponteiro do tempo e “Seu Pádua” já estava a postos na confraternização do Sindiscose. Antônio de Pádua Gonçalves tem 63 anos, é assistente de processo da OAB Sergipe a quase duas décadas. “Todo registro para emissão de carteirinhas da Ordem passa  por mim”, afirma com alguma vaidade. Após décadas trabalhando no setor comercial da Rádio Cultura, de 1978 a 2000, ele coleciona estórias da crônica esportiva sergipana pra fazer perder qualquer mesa de vista. 

DIA DE FESTA

A grande mesa ao fundo da travessa se levantou para receber dona Rejane Maria de Araújo Souza, fundadora do Sindiscose e funcionária aposentada da OAB-Sergipe depois de três décadas de labuta. Sob o auxílio da bengala, dona Rejane se move com alguma dificuldade após uma cirurgia recente no pé esquerdo. “Quando eu cheguei pra trabalhar ele tinha 19 anos, era um menino que me ajudou muito. Hoje é diretor geral da Ordem”, explica ao se referir a Antônio de Oliveira, ou “Seu Antônio”, que ajudava a senhora a se instalar na mesa. 

O som de Rômulo Aquino, cria do bairro Bugio, deu o ar da graça por volta das 19h. Entre a fumaça do churrasquinho ao fundo, as batidas de coquetel ao lado direito e as molas do pula-pula duramente castigado pela criançada da festa, Rômulo lembra a todos a data de morte de Luiz Gonzaga naquela sexta. “Hoje vamos cantar de tudo um pouco, mas vai ter que ter forró”. 

Espalhados pelas mesas que tomavam a boca da travessa, funcionários do Coren, OAB, Creci, CRA, CRQ, CRMV, Cremese, Cress, Crea, CAU, OAB – com representantes da Escola Superior de Advocacia (ESA) e Comissão Regional de Estância  – além de amigos, e familiares que se espalhavam pela fila do churrasquinho, entre uma colherada de bobó e outra de caruru. 

DIRETORIA

Acorde vai acorde vem, a diretoria do Sindiscose chega ao microfone pra dar o papo da festa. Perfilados abaixo do toldo principal, cada diretor e diretora dá o seu recado para a luta que segue no desenrolar dos anos. “Não há fiscalização e moralidade nas ações  dos conselhos sem o fortalecimento desta categoria. A PEC 108 segue querendo extinguir os conselhos de categoria e fiscalização, precisamos seguir nesta luta”, afirmou Igor Baima, presidente do sindicato. 

“O Sindiscose é de todos nós, precisamos fortalecer o nosso espaço. Este momento também é pra apresentar a sede para nossos colegas, vamos aproveitar”, lembra Tomé Rodrigues Filho, primeiro secretário do Sindiscose. Logo após a declaração da diretoria, cada filiado e filiada recebeu um panetone de presente, uma lembrança simples pra adoçar o fim de 2019 no compasso das resistências possíveis. 

E TOME MÚSICA

O violão de Rômulo Aquino seguiu gastando corda até a última gota. De Vinícius de Moraes a Lulu Santos, de Legião Urbana a Cazuza, a Ednardo, a Geraldo Azevedo, Raul Seixas,  uma rápida passagem por Victor e Léo a pedido de um dos filiados, até finalmente passar por “Sanfona Sentida” de Dominguinhos. Afinal, em dia de lembrar o Rei do Baião algum forró tinha que sair. “Bora todo mundo juntar 5 reais de cada um pra garantir que ele toque mais um pouquinho”, sugeriu um filiado no alto de sua empolgação, mas infelizmente a banda já tinha outros compromissos. 

E ZÉ FINI

Fundado em 3 de novembro de 1992, esta é a primeira festa do sindicato que se tem notícias de seus 26 anos passados e vividos. “Esta foi a primeira confraternização do nosso sindicato, espero que a primeira de muitas. Somos uma categoria numericamente pequena, mas oferecemos serviços estratégicos para a sociedade sergipana. Confraternizar com a categoria foi  fundamental, gostamos bastante do resultado”, comenta Igor Baima. 

Encontrar os nossos, descansar as canelas,  recarregar o sorriso para 2020 nascer feliz, com muita resistência, garantia de direitos e democracia nas ordens de fiscalização, conselhos, e afins. Vida que segue.