Nota de apoio ao Presidente do Sindecof-DF

A caminho com Maiakovski
(Bertolt Brecht)

“ Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada.
Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

Causa espanto quando as instituições que deveriam, em momento de total desregulamentação, inacesso a direitos, afronta a instituições e Poderes instituídos da nação, olvida em seu mister, mas difunde ataques imerecidos contra lideranças na busca da tutela coletiva e respeito ao trabalho digno, não oprimido e independente.

Causa mais estranheza quando tal atuação advém de uma instituição como a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal, por sua Vice-Presidente, ao contrário de buscar a solução em relação a denúncias de assédio, seja ele por qual forma se travista, cuja espúria condição afronta a ordem jurídica e submete o servidor ao cárcere opressivo de quem milita pela força e não pelo diálogo.

OAB que deveria ser a primeira a se levantar contra as opressões, daqueles que “ … se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada….”, age como reinando sob a mesma lógica dos que hoje nos desgovernam, negando a luz, preferindo às trevas, negando a falta, protegendo-se no corpo litigioso sob guarda de outras instituições cujos acusadores mais parecem agentes de alianças com aqueles que devem julgar, nos quais ambos se confundem.

Triste história daqueles que deixam de lutar, que assim seja em relação a instituição que foi participe de inúmeras rupturas, ora na ditadura ainda negada, e não raro aplaudida inclusive sufragadas em decisões judiciais para enaltecer aquele tempo, lembrando: de morte, tortura, violência, opressão, contra os quais figuras como Raymundo Faoro ergueu-se com a força e tamanho da OAB, para resgatar cidadania, dignidade, respeito aos direitos humanos e, quanto mais, de um verdadeiro Estado de Direito.

“ …Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada.” É triste ver esta mesma Ordem hoje, ao contrário de buscar a solução de seus equívocos, fazer a crítica aos seus erros, prefere envergar luta nos campos que mais conhece, como se dele olvidasse suas mazelas.

Diz isso em face da atitude tão pouco democrática, quanto menos ainda decorosa, frente à discussão feita no âmbito da legítima representação sindical, preferindo escusar-se dos fatos e eleger, como quem nos idos tempos do obscurantismo e trevas da idade média, que agora nos assola com o negacionismo e terraplanismo, bruxas a serem levadas ao fogo, impingindo notória opressão com o uso de instituições estatais na busca de reprimenda de lutas e da garantia de defesa coletiva pela representação sindical.

É mais fácil apontar um herege a construir jardins, assim como neles pisar e silenciar, como instrumento da opressão, nossa vida, direito e dignidade.

“ …Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada….” A luta maior está em não nos calar, já nos roubam a luz, já nos impõe o medo, agora, o que dizer e a quem dizer? Enquanto nossos jardins são pisados, silencia a OABDF; enquanto nos roubam flores, silencia a OABDF; já calaram a sociedade, silencia a OABDF, imaginemos quando não mais podermos fazer nada?

Enquanto no berço da América, o atual Presidente discursa em favor do resgate das instituições, em especial da representação social forjado no meio sindical, em nossa pátria naqueles que representam significativa categoria, agem como os opressores, nos roubam as flores, impõe, como elemento de coação – mostrando clara e repetida lógica do assédio, seja qual for, mesmo que usando os meios legais – para negarem o óbvio e a prática contumaz, da qual deveria repudiar.

Não querem só entrar em nossa casa, pois já o fazem com a opressão, querem agora levar nossa luz, arrancar nossa voz e quiçá, nos deixar nus.

Cremos ainda vigente a Carta Cidadã, aquele que garante a livre representação sindical, mas sabemos que não mais é tanto livre, pois já lhe tolheram significativa condição e esvaziaram sua atuação, exatamente para construir, a passos largos o esvaziamento de lutas mínimas das condições de trabalho.

Por fim, ainda citando o filósofo Alemão, vindicam os Sindicatos dos Trabalhadores nos Conselhos, em especial do Rio Grande do Sul, a voz, a luz, a palavra, não o reiterado caminho e meios de opressão, lembrando que: “ Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.”

Entre os assédios e opressões, que nasça a verdade, para cair o vestal de quem a conhece e a queira como mentira.

 

SINSERCON/RS – Sindicato dos Servidores e Empregados dos Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício Profissional
SINDISCOSE – Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens de Fiscalização Profissional e Entidade Coligadas e Afins do Estado de Sergipe
SINCOAL – Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens de Fiscalização do Exercício Profissional do Estado de Alagoas
SINSERCON-RN – Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens de Fiscalização Profissional do Estado do Rio Grande do Norte
SINSERCON-BA – Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens Autárquicos das Profissões Liberais no Estado da Bahia
OPOSIÇÂO MG – Travessia Coletivo Sindical e popular

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