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Servidores denunciam desvio milionário e são demitidos pelo Conselho Federal de Odontologia

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Dois ex-servidores do Conselho Federal de Odontologia (CFO) foram exonerados após denunciarem um suposto desvio de R$ 40 milhões em um esquema que, segundo eles, envolveu o atual presidente da entidade, Cláudio Yukio Miyake, e outros dirigentes. A denúncia inclui ainda a tentativa de acobertamento das irregularidades por meio da adulteração de documentos encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF).

A informação foi publicada em primeira mão pelo portal Metrópoles, em matéria assinada pelo jornalista Petrônio Viana, no dia 16 de maio de 2025.

Rodrigo Gomes Couto (ex-superintendente executivo) e Markceller de Carvalho Bressan (ex-procurador-geral do CFO) afirmam ter alertado a diretoria da autarquia quatro vezes sobre o suposto esquema de pirâmide financeira envolvendo repasses à empresa Solstic Capital Investimentos e Participações Ltda., cujo proprietário, Flávio Batel, faleceu em novembro de 2024. A denúncia indica que o presidente Miyake teria atuado como articulador do investimento irregular, inclusive alterando posteriormente documentos destinados ao MPF para minimizar a gravidade do caso.

Segundo os ex-servidores, a exoneração ocorreu dois dias após a última denúncia formal ao plenário, em 28 de abril. Eles alegam que foram demitidos por se recusarem a proteger a cúpula da entidade, que tentava blindar Miyake das acusações. Além disso, afirmam que a primeira versão do documento enviado ao MPF “escancarava todo o esquema”, mas foi vetada pela diretoria e reescrita sob ordens diretas do presidente, que determinou a retirada de termos como “golpe”, “sociedade” e “laranja”.

A gravidade das denúncias levou também à abertura de investigação por parte do Tribunal de Contas da União (TCU), após petição feita pelo ex-presidente do CRO-MG, Raphael Castro Mota. Segundo os autos, Miyake, à época secretário-geral do CFO, seria “o principal articulador para que o CFO investisse recursos públicos na pirâmide financeira da Solstic”.

O esquema, segundo Couto e Bressan, envolvia lavagem de dinheiro, com saques e transferências pulverizadas em contas de empresas ligadas a Carlos Alberto Kubota, sócio de Miyake na K Infra e no Instituto Educacional União Cultural. O MPF conduz uma investigação sob sigilo, e o TCU analisa o pedido de afastamento cautelar de Miyake da presidência do CFO, além de apuração de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e prevaricação.

Em nota, o CFO afirma que as operações ocorreram na gestão anterior e que medidas foram tomadas para apuração interna e responsabilização dos envolvidos, incluindo ação judicial e denúncia formal ao MPF.

O SINDISCOSE repudia qualquer forma de retaliação contra trabalhadores que denunciam atos de corrupção e irregularidades em entidades públicas. O caso evidencia a necessidade de mecanismos mais eficazes de proteção aos denunciantes e reforça a importância de uma gestão ética, transparente e comprometida com o interesse público nos conselhos profissionais.

Fonte: Metrópoles – Matéria de Petrônio Viana, publicada em 16/05/2025.

 

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